sábado, 8 de novembro de 2008

O QUE NOS CABE- de Carla Dias

- E se for hoje?
- Então, viveremos o dia com o desespero em êxtase.
- Será hoje...
- Pode ser...
- Será que será?
- Vai saber...
- O tempo tem dentes... Vai nos mascar feito chiclete.
- E de qual velocidade seríamos partidários?
- Nesse dia? Do desejo desmedido; daquele quê oferecendo prazer insustentável.
- Comeríamos?
- Frutas desmascaradas de estação. E engoliríamos o ócio... Só haveria espaço sem tempo para ações... Desmascararíamos teorias.
- Teorias podem ser construtivas, fortalecer realizações...
- Ações dão na poesia que me ganha e disso não consigo me desfazer, e nem quero. Afinal, as teorias que ficam na teoria acabam por desbotar sonhos.
- Arrepios provocados por beijo na nuca...
- O quê?
- Pedirei uma porção deles... Se for hoje...
- Pra quem?
- Sei lá!
- Sabe lá?
- “O que é ter sede em frente ao mar?”
- “Sabe lá?”
- Sei... E você?
- Talvez...
- E?
- Surrupiarei trocados de amigos tacanhos e comprarei balas de hortelã.
- Por que balas?
- Balas de hortelã me lembram a infância com meu avô. A língua refrescada, atiçando gargalhadas. Era troco do pão, da pinga, da lata de molho de tomate... Bala de hortelã era o tipo de troco que se dava a menino apaixonado pela infância; pelas suas brincadeiras e suas seriedades, como era o amor que eu tinha pelo meu avô... De uma seriedade imensamente feliz.
- E se não for hoje?
- Pode ser amanhã, né?
- Pode...

LEIA NA ÍNTEGRA: http://crondia.blogspot.com/2008/10/o-que-nos-cabe-carla-dias.html

Carla Dias escritora paulista

Um comentário:

Mehazael disse...

Oi, Carlos. Como vc comentou o meu blog (sei q faz tempo, mas eu sou um cara demorado mesmo...) resolvi dar uma passadinha aqui, e acabei gostando do conteúdo. Acho muito legal esse enfoque "informativo" do blog, que é pra mostrar poemas e falar sobre eventos.
Também resolvi fazer algo parecido no meu, só que acabei traduzindo um conto e, quem sabe, traduzo mais lá pra frente. hehehe
Um abraço.