terça-feira, 21 de outubro de 2008

A POLÍTICA NO RIO DE JANEIRO- DÁ-LHE GABEIRA-de Jackson Vasconcelos

Quem venceu o segundo debate?

Depende.

*Jackson Vasconcelos


Ouvi o debate de domingo entre Eduardo Paes e Gabeira pelo rádio, sem acesso às imagens dos candidatos. Entendi que o Eduardo Paes venceu. No entanto, na opinião dos que assistiram o evento pela TV, Gabeira saiu vitorioso. Um exemplo é a opinião do César Maia, publicada no ex-blog, na madrugada da segunda-feira. Ele afirmou que a tranqüilidade e a dimensão de Gabeira venceram a agressividade e a tensão de Eduardo Paes, que nervoso, falava rápido, em tom mais alto, de modo debochado, atitudes que denotam insegurança e chocam pelas imagens. César diz que o Gabeira prefere direcionar o olhar ao oponente. Foca bem o debate. O Eduardo Paes não sabe para onde olha e olha em diagonal para a TV e de soslaio para o oponente. Passa, outra vez, insegurança. Ele não consegue sorrir e cerra a sobrancelha.

Como explicar a minha opinião sobre a vitória do Eduardo Paes no debate e a opinião completamente diferente daqueles que assistiram o debate pela TV?

Para explicar, volto ao ex-blog: “a comunicação na TV é imagem. A imagem na TV exige uma voz escandida, pautada, serena. É verdade!

O historiador Robert Dallek e o jornalista Terry Golway, autores da obra “Os melhores Discursos de John F. Kennedy – Uma Visão de Paz”, editado no Brasil pela Editora Zahar, no capítulo 4 do livro, fizeram considerações sobre o primeiro debate entre John Kennedy e Richard Nixon transmitido ao vivo pela TV americana: “Segundo consta, John Kennedy venceu o debate porque estava bronzeado e relaxado, e Richard Nixon pálido e nervoso. Muitos dos que assistiram ao evento na televisão – em torno de 80 milhões de norte-americanos – acharam que Kennedy havia superado seu adversário. Aqueles que ouviram o debate no rádio, atendo-se apenas às palavras e aos argumentos, acreditaram que Nixon fora o vencedor. E, no entanto, a forma venceu o conteúdo, e a política norte-americana nunca mais foi a mesma”. O evento aconteceu no dia 26 de setembro de 1960.

No Rio, a TV Globo não organizou debates para o primeiro turno, porque não conseguiu encontrar um desenho que acomodasse os seis ou sete candidatos a prefeito, porque o candidato Paulo Ramos, lanterninha na avaliação dos institutos de pesquisas, dado confirmado pelas urnas, não abriu mão de participar. O fato torna relevante outro trecho do livro de Dallek e Golway sobre os debates promovidos pela TV americana no tempo de Kennedy e Nixon: “Foi preciso, literalmente, um ato do Congresso para permitir a cobertura televisiva dos debates. Uma cláusula da Lei de Comunicações de 1934 exigia que as emissoras oferecessem tempo igual a todos os candidatos, até mesmo aos de partidos independentes desconhecidos. O Congresso teve que suspender a cláusula de tempo igual antes que as redes pudessem dar continuidade a um debate somente entre Kennedy e Nixon”.





*Jackson Vasconcelos é editor do site www.estrategiaeconsultoria.com.br

2 comentários:

Carlos Vilarinho disse...

Tomei a liberdade de colocar -dá-lhe Gabeira- no título. Se estivesse no Rio votaria em Gabeira e pelo texto do Jackson, leva fácil, fácil...

Muller disse...

Basta escutar um jogo de futebol pelo Radio e pela TV que da para notar que as midias são diferentes.

Acho que Gabeira foi muito bem! Ele é muito melhor.
Motivos para votar Gabeira