terça-feira, 8 de abril de 2008

O SEGREDO DO UNIVERSO (segunda parte)

TEXTO PARA REFLEXÃO. Essas coisas vêm à minha cabeça e não posso ficar com elas sozinho. Pensem também.O SEGREDO DO UNIVERSO
(SEGUNDA PARTE)


Ainda sobre o universo. Tema inesgotável, amplo e profundo, talvez infinito em seu próprio eixo. Disse que a vida são ciclos circulares e, ao mesmo tempo, lineares, provavelmente intermináveis, que se renovam a cada término. Ao recomeçar, os ciclos trazem com ele a experiência e os infortúnios do passado em outro ciclo sempre em busca de uma missão a ser designada. Ao que tudo indica para o indivíduo desenvolver essa missão deve haver então uma espécie de acordo do universo com ele próprio. Não duvido disso, apesar de não ter absoluta certeza. É bom que se diga que esse meu pensamento está longe de qualquer dogma ou segmento religioso e científico. São constatações intuitivas e também baseadas nas leituras dos que foram maiores do que eu, até então, e viviam sobrecarregados e curvados com o peso do fardo da dúvida universal. Uma angústia, uma aflição cheia de agonias que estala as instalações neurônicas. Acho que também por isso Nietzsche vivia com dores de cabeça. Como Einstein, acredito sem piscar na relatividade aplicada à vida no planeta. Alguns fenômenos só são explicáveis matematicamente e por isso é difícil de acreditar sem ser no plano científico.
O fato é que o planeta é constituído de bilhões de pessoas diferentes e dissonantes. Tão simples e óbvio, ao que parece. Mas não é. Trata-se de complexidade e multiplicidade. Isso torna mais estranho e enigmático as profundezas do universo em si mesmo. Além da estranheza e do mistério obscuro que cerca a vida, mesmo que sejamos banhados em luz, há iminentemente o perigo de se viver. Pode-se perguntar o porque dessa afirmação anterior. Ora, com a contingência maior do que o raio de ação, onde já se vê claramente que está sobrando gente no mundo, transbordando pelas beiradas do planeta, e a disputa pelos espaços é cada vez mais violenta, todos são ameaças para todos. Dessa forma, uma opinião como essa aqui, que destoa da sua grande maioria, pela falta e desconfiança da pura “fé em deus”, tornar-se-á provavelmente aos olhos do mundo um pedido suicida. Pequeno exemplo e lembrança, Sócrates e Jesus Cristo sucumbiram assim.
O que dá descrença ou desconfiança à questão religiosa. Não é o povo com sua fé, às vezes, exagerada. Como hoje em dia. Mas seus líderes que fazem bricolagem, sabem da energia que nos envolve, ou não sabem, e de posse da oratória, reles que seja, e na sua grande maioria aparvalhada, confusa e intricada, aproveitam-se e injetam-lhes pavor, sustos e ameaças demoníacas. Sempre propositalmente e dessa forma conta-se com o desconhecimento e a falta de leitura dos seus seguidores, faz com que através do pífio e vil discurso transbordando de doutrina satânica o medo seja-lhes induzido e usurpa a clemência e a misericórdia doadas gratuitamente pelo universo em harmonia. Transformando-as em dinheiro vivo, mascaradas em obras assistenciais e/ou dízimos. Ou quando a cara-de-pau é de madeira de lei não mascara nada e mete-se o dinheiro bolso adentro. Não quero, nem estou a desdenhar do alicerce que segura o homem desde a sua aparição no planeta. A fé. Acho que tem que se segurar em algo realmente, mas com cuidado e sempre questionando uma ou outra coisa.
Em suma, há que se destacar dois tipos de homem que o universo condecorou. Entre algumas dezenas. O homem-comum, por assim dizer, que precisa de amigos e de deuses, amanhã se tudo falhar sobrarão os deuses para ampará-lo. O outro é o homem-pensador que conta unicamente com seus amigos. Se estes falharem ele só contará com ele mesmo e seus pensamentos.
E assim, conclui-se que o universo é tão grande, nos oferece tanto, que a maioria não consegue enxergar além de três ou quatro metros. Preocupa-se tanto em garantir um lugar ao lado de Deus, fazem-se caridades tortas e mascaradas. Corre-se para angariar dinheiro e empanturrar-se. Teima-se em ser igual e ter prazeres repetitivos e sem razão aparente. E morre-se consumido pela vida e sem sabedoria.
Quem tem dúvida, essa dúvida que levantei e partilho com o leitor em dois textos, vive-se com os neurônios estalando, é verdade. Carrega o fardo acumulativo e angustiante, também verdade. Contudo está envolto em constante clímax não linear e não repetitivo. Circular como devem ser os ciclos da vida e em progressão harmônica. Além de ter sempre em mente um paradoxo interessante e estranho como a dúvida que lhe persegue. Sabe-se que cada vez sabe-se menos. Contudo ao saber que se sabe pouco, sabe-se também, ao mesmo tempo, que já aprendeu um pouco mais do que antes.
Por vezes, tem-se vontade de dar-se fim naquele ciclo em que está inserido e dissipar a dúvida. Ter novamente contato com a verdade além da vida. Entretanto como já dizia Nietzsche: “quantas verdades suportas?”.


Carlos Vilarinho 08/03/07

Um comentário:

Anônimo disse...

Nietzsche citado no final confirma o que eu já suspeitava faz longo tempo: você tem uma tendência para a filosofia tão acentuada (lembra que apontei isso em alguns textos seus?)que é de se pensar se você não deveria mergulhar de cabeça neste mundo filosófico. É constatação, não crítica. Siga em frente sempre, e isso seria seguir em frente, sem dúvida!