sábado, 20 de junho de 2009

SETE PORTAS (?)

Não se sabe de onde, nem quando aquelas atrocidades começaram a aparecer. Muito menos quem as fazia. Sabe-se, no entanto que em alguns bairros a crueldade era mais intensa. Ali em Brotas, por exemplo, da altura do Acupe, na sinaleira, até a Sete Portas, passando por Luiz Anselmo e Vila Laura, muitas vítimas compareceram à delegacia para prestar queixa. Ficando, contudo constrangidas em mostrar o ferimento. Diz-se também que houvera queixas na Calçada, nos Mares, assim como na Avenida Centenário e na Federação. Mas nada de concreto, muito boato do povo. Talvez houvesse casos dessa natureza, nesses lugares realmente. De fato, ouviam-se firmezas a respeito do caso, havendo até quem garantisse estar in loco na hora do ato. Outros, porém esquivavam e desconversavam descrentes. Apareceu até quem tivesse visto o facínora, mas, com medo, retraíra-se e reservou-se a socorrer a vítima. Muitos boatos davam conta que o perverso morava ou andava na Sete Portas.

Um dia de sábado pela manhã bem cedo, lá na Baixa dos Sapateiros, vinha um cidadão gordo todo de branco, correndo esfolegado e terrivelmente assustado. Passou pelo Aquidabã, já correndo com dificuldade, onde inclusive derrubou um ambulante e sua mercadoria. E rumava desesperado em direção à Sete Portas. Mas o esforço veloz a que se submeteu limou o resto de condicionamento que ainda havia nos pulmões e nas pernas e ao pé da ladeira do Funil o gordo caiu estatelado na rua, soltando seu suspiro derradeiro. Muitos, a maioria farristas da noite de sexta-feira, assistiram a cena sorvendo cerveja e comendo mocotó com pirão. Contudo poucos ou quase nenhum percebeu em um zoom de ótica que logo atrás vinha um outro homem também correndo e que parou assim que viu o gordo deitar por terra todo o seu farto tecido adiposo. Era um homem branco-avermelhado, com poucos cabelos sem ser necessariamente careca e com uma cara carrancuda de bad boy. Atravessou a rua e ficou observando na esquina de uma ladeira contrária a do Funil, rua Prado Valadares. Espreitou minuciosamente todo o desenrolar da cena durante uns quinze minutos, provavelmente para certificar-se do óbito grassento. Ecoou então às seis da manhã na Sete Portas uma gargalhada diabólica. O gordo defunto estava com um punhal enterrado no ânus. Segundo o laudo médico, que depois todos tomaram ciência, o punhal rasgara o reto e boa parte do intestino, inclusive a aorta abdominal.Uma hemorragia interna foi a causa mortis. Dize-se que após a retirada do punhal o sangue jorrou junto com as tripas e o sarapatel que havia comido minutos antes de levar a punhalada no cu.


POIS É... Esse texto aí deverá se chamar "SETE PORTAS", nem eu sei o que vai acontecer, ainda estou escrevendo... Espere também.

Um comentário:

Anônimo disse...

e eu tô louco para saber como vc vai levar o barco, Vilarinho.
(eu, não meto a minha colher de pau, pois, vocês - escritores - trabalham para eu (leitor) me divertir...
(risos)
abraços
deja