quarta-feira, 17 de junho de 2009

TRECHOS DE CRIME OCULTO NOVELA QUE ACABEI DE ESCREVER...

Comecei a ter ligeira consciência das coisas alguns dias antes do crime realizar-se de fato. E definitivamente, logo em seguida ao coma de três dias, depois da morte súbita do indivíduo. Diga-se que a criatura morria aos poucos, cada dia levavam um pedaço que lhe pertencia. Acordei disposto a fazer algo novo, diferente de que fazia todo domingo no bairro sombrio e enfadonho que moro. Costumava ficar no posto de gasolina escorado numa bomba de aditivos para automóveis desativada e beber latinhas de cerveja. Achava ridículo o que falavam nos noticiários a respeito de vender, ou não vender bebida alcoólicas naqueles lugares. Falsa moral, ninguém estava se importando com nada, nem com outro alguém mesmo. Querem é copiar tudo dos Estados Unidos, então que se venda bebidas à vontade para quem quiser beber, venda-se armas em cada esquina, ora essa! Vi a moça subir os degraus onde mora sua irmã. Essa moça assim que chegou, lançou para mim um olhar fatal de cio insaciável, aquilo estremeceu dentro de mim, havia algo no ar, em suspense. Mesmo assim lembrei minha mãe, sempre que alguma mulher me olhava faminta de mim, ela dizia “não perca tempo com elas, trace-as, coloquei um homem no mundo para dar conta de mulheres”.

OUTRO TRECHO EM OUTRO CAPÍTULO

E não foi só isso, entre os quatorze, quinze anos currávamos bananeiras no fundo do quintal de minha casa. Tinha sempre na lembrança, durante esses momentos, a filha da faxineira. Juntava com outro amigo, o Valdomiro, e fazíamos um buraco na altura da nossa genitália e nos introduzíamos lá, como é visguento ficava parecendo uma vagina de verdade reagindo ao meu teor amoroso-sexual. Até que Serva Maria, a negra que tomava conta da casa, viu. Delatou-nos e depois se arrependeu quando viu as lapadas de cinturão que meu pai deixou em mim.

OUTRO TRECHO EM OUTRO CAPÍTULO

Naquele dia eu estava aborrecido. A mulher tinha cobrado mais atenção de minha parte, como se eu tivesse que procurá-la para amar novamente. Ora, foram trinta e cinco anos juntos, tivemos duas filhas já criadas e casadas. Cada uma com seu macho, eles que cuidassem delas de agora em diante. A mulher rezava ao deitar, rezava para pegar no sono, rezava para acordar, rezava para levantar... Diabo de tanta reza! Já não agüentava mais, então lhe perguntei o que ela fazia de fato na igreja se gastava toda a reza dentro de casa. Ela pensou que eu estivesse ciumando, ora, veja! Sorriu e dissimulou sensualidade pífia.
¬“Ridícula!”
Aquilo me aporrinhou tanto que saí de casa tremendo de desgosto e nauseabundo. Além de ter tomado duas cápsulas de Rivotril. Louco de dispepsia, ouvi o grito da mulher ao sair.
“Estás sob a influência de Satanás, velho.”
E mais, em tom bíblico:
“Antes da ruína, vem o orgulho... Antes da queda vem a presunção”
Assim cheguei à rua principal de Brotas, ofegante e enojado pelo aborrecimento causado por Regina Astrid que um dia foi uma bela mulher e levou-me para o altar. A moça com olhar de cio passou por mim e não pôs as vistas em mim como de costume...


...espere, em breve CRIME OCULTO, minha novelinha impressa para você...

3 comentários:

Gerana disse...

Está instigante. Vale prosseguir.

Gerana disse...

CV: estive relendo o último trecho (porque me impressionou) e digo que ele por si mesmo já é um conto. A exclamação "Ridícula" tem um efeito excelente.

Isaac de Cristo disse...

Prezado Vilarinho,

Só em ler estes trechinhos já vi que é muito bom, digno do reconhecimento que tarda mais chega. Pode separar 01 exemplar pra mim, que não sou investigador mas quero saber deste "crime"...

Parabéns!!