quinta-feira, 25 de junho de 2009

SETE PORTAS

Trecho 1

A atmosfera de safadeza insinuante própria da cidade da Bahia, a sabotagem, o desdém diante da desgraça operante em si mesmo e em cada um deles, somados a vontade incorruptível de baianos sérios e metidos a sério sem ser pôrra nenhuma. Sindicalistas que discutiam política ordinária, a política baiana medíocre que eles mesmos proporcionavam e a indolência disfarçada de crime insipiente contornavam Salvador. E no meio do olho desse vulcão em ebulição estava a Sete Portas. Coleirinha, canário da terra, canário belga e curió de até cem mil, também faziam parte da feira.

Trecho 2

O delegado Carlos Antonio era um homem sério e infeliz. Casado com uma mulher que não amava mais, que não lhe dera filhos e que lhe atazanava a mente com problemas fúteis. Gostava da prostituta Roberta que o jornalista Marco lhe apresentou, no entanto não se atrevia a tocar-lhe nem um fio de cabelo. Sempre ia ao puteiro, quando a puta o via, largava com quem estivesse para lhe dar atenção e conversar. Só conversar. O delegado tentava persuadir-lhe a mente impura a largar o sexo profissional. Ela ouvia, consentia, lamentava, condoia-se e às vezes até chorava. Mas não deixava de ser santa puta.

Trecho 3

Deu-se então uma perseguição frenética a partir de dentro da feira da Sete Portas. O indivíduo era branco e forte, feições físicas muito parecidas com o agente Augusto. O delegado, mesmo gordinho, era ágil e Marco Deville lépido como um ponta-direita, mas o facínora, devia ser ele realmente, corria como um guepardo. Guepardo entre elefantes. Derrubando bancas de frutas, atropelando os fregueses e correndo por entre os carros, os três seguiram em direção à Djalma Dutra, como que vai para o Dique do Tororó. O perverso com quase meio quilômetro de frente. O agente Augusto ao ouvir os rumores que instantaneamente tomara feira disparou saindo pela entrada principal por cima dos caranguejos e, sem saber, correu em outra direção. Foi para o lado do Aquidabã. Os gritos e algaravia dos feirantes e das pessoas no local o colocaram na direção certa, mas era tarde. O desgraçado apunhalador de bundas e cus subiu a escadaria que sai na Bela Vista do Cabral, travessa Barão de Sturdart, em Nazaré de quatro em quatro degraus. Nenhum dos três o alcançaria.
O delegado já com os bofes a sair pelos pulmões, o jornalista de caruara nas pernas de tanto whyski e prostituta que fazia uso e o agente Augusto, o único que daria testa, estava atrasado.


OS TRECHOS NÃO ESTÃO NA ORDEM.


O TEXTO TÁ SAINDO... AGUARDEM!

Um comentário:

Gerana disse...

Este "exercício" com o texto curto está ótimo. Gostei bastante.