terça-feira, 21 de julho de 2009

TRÊS TIROS NUMA HISTÓRIA DE AMOR

...Nesses dias com Vadinho, na casa dele ou em Arembepe, quando inventei uma viagem relâmpago à casa de parentes para ficar ao lado do homem que me amava e me pegava com firmeza, pensei muito em sumir da vida de Lage...
_Filha de Yansã tem a coragem no sangue, dona Harmonia.
_Oi, Joaninha, nem reparei você aí... Estava aqui tão dentro dos meus pensamentos...
_Deu pra ouvir.
_O que?
_O que a senhora pensava...
_Você ouviu o que eu estava pensando?
_Mais ou menos, é como alguém me soprasse no ouvido suas palavras... O que a gente pensa fica no ar, podendo ou não acontecer, depende de nós mesmos.
_Você quer dizer que o que eu estava pensando pode concretizar, não é isso?
Joaninha balançou a cabeça afirmando.
_Isso eu sei também, Joaninha, acontece que as coisas e os fatos que nos circundam não dependem só de nós...
_Peça a sua mãe, que ela vai atender a senhora.
_Minha mãe?
_Yansã.
_Já me disseram isso, mas... Não sei...
De fato já ouvira aquilo. Havia uma senhora que vendia comida baiana, eu sempre fui até lá às sextas-feiras. Era um restaurante bem humilde, perto do meu trabalho. Sempre fui sozinha, um dia ela me disse que eu tinha nascido filha das águas, mas que a guerreira dos trovões me tomou de roldão. Quando me sentava para fazer o meu pedido, ela mesma vinha me atender.
_Eparrei, Oyá, Yansã dos trovões...

Um comentário:

Gerana disse...

Seus diálogos estão excelentes, CV. Sabe que vi a moça na minha frente, sentada no restaurante, quando ela conta que ia às sextas comer comida baiana?